sábado, 24 de março de 2012
MEUS 40 ANOS (Completo)
No último dia 15 de março completei 40 anos de idade. Caramba! Como passa rápido!
Aproveitei a oportunidade para refletir sobre a vida até este momento. Lembrei-me do servo de Deus do passado chamado Moisés, e da relevância dos 40 em sua história. Li que até os 40 ele pensava ser alguém; que depois em mais 40 descobriu não ser ninguém; e em mais 40 sobre o que Deus pode fazer na vida de um ninguém.
Lembrei-me também de minha infância. Na verdade, por vezes me acho uma criança, ou melhor, quase sempre. Mas me lembro com saudades de meus primos e nossas brincadeiras; de meus avôs que me amavam; de meus tios e tias, os quais sempre estavam juntos; de meus pais derramando amor sobre mim, esforçando-se para me dar o melhor que podiam; de meu tempo cursando o primário e depois o segundo grau. Como minha timidez sempre foi marcante. Como sempre vivi no meu cantinho, ajudando quando possível, jamais atrapalhando. Lembrei de meus amigos desse tempo. Hoje tenho contato esporádico com dois ou três no máximo. Tudo passa...
O engraçado é que fui excelente aluno, bom aluno, fraco aluno, bom aluno e hoje nem sei como sou. Mas a linha do tempo foi exatamente assim. Nesse tempo só tenho um arrependimento: Não ter me dedicado mais aos estudos. Os troquei, de certa maneira por passeios, farras e brincadeiras.
Lembrei-me de meus amores. De como conheci minha esposa, ela com apenas 13 anos, eu com 16 anos e quando ela completou 16 e eu 18, emancipados pelos pais, nos unimos pelo matrimônio. Que loucura! Não quanto ao nosso amor, mas porque hoje vemos com clareza que perdemos em algumas áreas por causa de nossa união prematura, inexperiente.
Deus é bom. Abençoou minha vida profundamente! Tivemos a linda Andressa, que estaria hoje com 21 anos, mas que Deus, nosso Pai soberano e amoroso a levou quando tinha seus 7 meses de idade, aprendendo o famoso mãma, mãma, mãma. Essa foi a perda mais dolorosa de minha vida ao certo. Imagine uma jovem com 17 e outro com 19, experimentando uma perda desse quilate! Contudo no decorrer da história, nosso Pai nos confortou e nos deu dois belos e preciosos filhos, Natã Laércio e Anderson Filho.
Lembrei-me que foi nesse tempo, quando a Andressa nasceu, talvez com seus 3 ou 4 meses, que Deus começou a me presentear com o maior presente que um ser humano pode ter: A Salvação em Cristo Jesus.
Sempre fui religioso. Nasci assim, coisa pessoal. De família Católica Romana, mas com pés em religiões afro, além do espiritismo, frenquentava e participava de todo procedimento Romano para a vida. Contudo nessa época, após o nascimento de minha filha, minhas vontades por futebol (Era louco, louco, por futebol. Se possível todos os dias... Não jogava tão bem, mais para gandula, mas ainda assim treinei no Campo Grande e fiz testes no Botafogo), bebida, festas e mais festas com amigos e primos, cigarro, imoralidades, foram sendo retiradas de meu coração.
Lembro-me que me deliciava olhando, amando e acariciando a Andressa em nossa cama de casal, aquela pequenina, filha do coração, tão atenta ao que falávamos. Que tempo bom! Mesmo que em meio à imaturidade e inexperiência. Curti muito aquela pérola!
Mas o fato é que do final de 1989 até 1991, como clímax 1990, passei a ficar bastante caseiro e a perder vontades que outrora eram inegociáveis. Deixei de fumar. Levou 3 meses, mas consegui. O desejo pela bebida foi embora... Acho que isso foi mais fácil porque nunca gostei; era mais por e para a farra.
Enfim, ficando muito tempo em casa, lembrei de um livro que havia pedido através de uma ação missionária em 1986, por ocasião da Copa do Mundo de Futebol, que tinha como um dos apoiadores o jogador do São Paulo e Seleção Brasileira de futebol, Silas. O título do livro era “Força Para Viver”. Eu enviei uma carta e recebi poucos dias depois um exemplar gratuitamente. Veja, 3 anos depois é que comecei a ler esta obra preciosa que revolucionou minha vida e me informou tudo o que eu precisava saber. Detalhe: Só peguei para ler porque não tinha nada para fazer naquele momento... Mais curiosidade. Mas foi lindo! Na verdade, em palavras não consigo expressar a alegria daquele Encontro.
O que aconteceu após a leitura? Aconteceu que tudo mudou!
Nessa época meu pai era proprietário de duas farmácias e eu era seu principal assessor. Nasci dentro de uma farmácia! Amo este ramo de negócios até hoje, corre na veia... Não era para menos, comecei a trabalhar com ele em 1980 com apenas 8 anos de idade...
Lembro-me que era próximo de meu aniversário e meu pai me procurou para saber o que eu desejava ganhar de presente. Eu respondi de pronto: Uma Bíblia. Que surpresa para ele e minha amada mãe! Por incrível que pareça não tínhamos uma Bíblia em casa, apesar de frenquentar a Igreja Romana desde que nasci e meus pais há pelo menos três décadas. (Creio que é por essa razão que até hoje uma de minhas maiores tristezas é me deparar com cristãos que tem, sim, tem suas Bíblias, mas não sabem nada delas, pelo simples fato de não as lerem. São analfabetos espirituais).
Meu pai comprou a Bíblia. E eu só sei que não a comi, porque a tenho até hoje. Mas li muito intensamente e seu impacto foi profundo. Compartilhei com minha esposa as novas descobertas depois do “Força Para Viver”, ela foi convertida; meus pais estavam em crise muito forte no matrimônio, preguei para eles; eles foram convertidos... E por aí seguiu. Procurei Igreja. Encontrei uma, dizia que amava a Palavra, mas ao final das reuniões, sempre se falava de outros intercessores. Sabia que aquilo não era correto. Já tinha lido. Encontrei outra, mas pedia muito dinheiro e já tinha visto na Palavra que não era daquele jeito. Nem sabia o que era Doutrina no sentido estrito, era apenas a Palavra.
Por fim encontrei outra, mas não gostei porque era fria, ninguém me notou quando a visitei, quem dirigia o trabalho havia sido muito infeliz. Foi péssimo.
Então li e li a Palavra durante meses. Meus pais buscaram imediatamente uma igreja para congregar e foram levados a participar da Igreja Presbiteriana de Santa Cruz, através de um casal já idoso que passava todos os dias em frente à farmácia para caminhar. Dona Luci e Presb. Arão Vilela (Ela professora e diretora de escola pública e ele Comandante da Base Aérea de Santa Cruz). Eram presbiterianos, tinha testemunho intocável, e adotaram nossa família. Fui por ocasião do batismo visitar e não saí mais. Muito engraçado, pois essa era a igreja fria que mencionei acima. Era culto, não uma programação como à que havia ido anteriormente, e me identifiquei com a força da Palavra ministrada pelo Rev. Laércio Staneck Torres.
Fui discipulado, amado, instruído, indicado ao livro de Jó, que, aliás, foi dado por Deus para que conseguisse ultrapassar a perda de minha filhinha. No primeiro ano fiz um curso de pregador itinerante, no segundo dei aula na EBD e ao final lá estava eu no Seminário, estudando teologia por orientação de meu pastor. Lembro-me que disse para ele no estacionamento do Barra Shopping (Isso em 1993. Tenho saudade da tranqüilidade da Barra da Tijuca daquela época): Não posso fazer isso, não tenho experiência, sou tímido... Mas não teve jeito, o chamado foi irresistível.
Cursei o Seminário, passei por perdas importantes nessa época, enfrentei com minha esposa um passeio pelo farisaísmo e outras tolices espirituais, a experiência de criar dois filhos, fazer seminário, além de cuidar de duas farmácias e agüentar 5 horas de viagem até o Méier de segunda à sexta-feira. Que loucura! Só foi bom pelo lado do estudo porque era o tempo que tinha para estudar. Pelo menos, todo dia estudava 2 horas. As outras 3 horas ou estava espremido em pé entre outros passageiros do trem, ou estava louvando com irmãos que prestavam culto nos vagões. Pentecostais abençoados! Meu grande amigo, e até hoje amigo, foi o Mauro Renato Pinto. Grandes viagens! Devo confessar que no 5º ano de Seminário quase sempre encostava no ombro de outros passageiros para dormir, em alguns momentos até babava, rsrsrs, de tão cansado.
Bem, passei por uma congregação querida no Jardim Sete de Abril e um ano depois, em 2000 assumi o pastorado da Igreja Presbiteriana de Angra dos Reis. Não tenho dúvida de que Deus fez tudo isso. Até hoje temos visto a mão poderosa de Deus em tudo e louvo ao Senhor por me trazer a este lugar que amo desde a chegada. Muita coisa mudou, o tempo passou, mas a principal característica da Igreja continua sendo o amor. Que bênção!
A Igreja plantou igrejas, planta outras hoje, exerce liderança santa e me presentearam com um culto abençoado ontem, dia 15 de março de 2012. Pude ver irmãos que estão na lida desde que cheguei, que me recepcionaram com carinho e irmãos que chegaram há poucas semanas. Que bênção!
Ao olhar para tudo isso, creio que devo bendizer o Pai por tudo:
1) Pelos meus antepassados. Especialmente pelos meus pais, Alice e Hélio, porque eram pais que amavam. A cada dia percebo mais com quanta intensidade!
2) Pela minha história até aqui. Deus me manteve vivo com mão poderosa. Quase me matei em algumas ocasiões por causa de bebidas, drogas, acidentes automobilísticos, brigas em clubes, mas Deus não deixou que isso acontecesse, nem antes de minha conversão aos 18 anos, nem depois, apesar de todos os perigos.
3) Pela minha família. Eu e minha esposa, Rosilene, construímos uma história fantástica, cheia de aventura e emoção, a maioria boa e algumas dolorosas. Creio que nossa história até esses meus 40 deve gerar um livro abençoado em favor de outras famílias. Tenho vontade de escrever! Já falei com ela. Quem sabe um dia? Amamos, sorrimos, choramos, nos aproximamos, nos afastamos, caminhamos no tranco, vivemos momentos inesquecíveis, e em tudo isso Deus estava atuando e beneficiando outras vidas e famílias. Já se passaram 24 anos que nos conhecemos e em de 2012 completaremos 22 anos de casado. Quanto tempo!
4) Meus filhos. Eles são parte do núcleo familiar, mas desejei escrever algumas coisas à parte. Natã está para fazer 20 anos e Anderson Filho fez 16 comigo ontem. São filhos muito especiais. Bênçãos valiosíssimas para mim e Rosilene. O Natã está no 3º ano do Colégio Naval e o Anderson Filho está estudando no Rio de Janeiro, se preparando para o Colégio Naval, residindo com uma família querida, a Família Fuziyama. Meus filhos amam a Deus, à Sua Obra, a seus pais, às coisas boas que glorificam o nome de Deus.
5) Igreja e Ministério. Louvo a Deus pela Igreja Presbiteriana de Angra e por tudo que ela tem me proporcionado a nível ministerial e educacional. Louvo ao Senhor porque ela tem me apoiado desde que cheguei enquanto comunidade e enquanto liderança através do Conselho e da Junta Diaconal. Eles (irmãos amados) me apoiaram em meus estudos no Centro Evangélico de Missões em Viçosa, MG, o famoso CEM. Que bênção! Na Universidade Mackenzie, seja na Pós-Graduação, seja na validação. Me apoiam no Congresso da FIEL, da Atos29, no Brasil e nos EUA, no CTPI em Campinas, SP, enfim, é uma igreja que investe no seu pastor. Meu ministério até aqui deve a essa Igreja e a muitos irmãos daqui e de longe que foram usados pelo Pai para participar de minha história e eu da deles.
Levaria muito tempo falando da família Cabral, da Igreja da Gávea, de Presbíteros e de pessoas tão relevantes... Mas acho que não é apropriado agora. Talvez num livro que penso escrever em breve. Já são dois que desejo escrever...
Tenho esperança, pois li em muitas leituras que entre os 40 e 60 anos, um ministro do Evangelho, pode ter seu tempo mais frutífero. Que assim seja!
Deus abençoe a todos. Espero não tê-los cansado!
Deus também me abençoe, concedendo outros 40.
Até breve!
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